No ar mais uma coluna nova aqui no blog Nona Arte: Resenha. Aqui serão feitas resenhas de quadrinhos, filmes, séries de TV e qualquer outra coisa que englobe o universo das hq´s. Pra inaugurar a seção, a resenha de uma das séries de quadrinhos mais controversas dps últimos anos: Transmetropolitan.
Lançada em 1997 pelo selo Vertigo, a série é considerada por muitos o melhor trabalho da carreira de Warren Ellis. Ao lado do desenhista Darick Robertson ele criou um universo e personagens tão marcantes, que até hoje, as histórias de Transmetropolitan são consideradas revolucionárias e ao mesmo tempo malucas. Sabendo disso, a editora Panini lançou esse mês o 1º encadernado da série reuinindo as 6 primeiras histórias intitulado De Volta às Ruas. Ele conta a história de Spider Jerusálem, um jornalista bastante polêmico que está exilado nas montanhas, longe da civilização e da mídia. Interessante notar a maneira como Ellis constrói o personagem, conseguindo mostrar logo na primeira página seu temperamento explosivo e suas bizarrices. Notem como o personagem se parece com Alan Moore, certamente uma homenagem ao escritor inglês. Dotado de uma falta de pudor e de modos, Jerusalém é convecido a voltar a realidade. A cena em que ele invade a redação do jornal de um antigo amigo é hilária e adiciona toques de humor negro na história. Os desenhos de Robertson acompanham o ritmo frenético da edição, que é bastante movimentada. Híbridos de alienígenas com humanos e um mundo caótico no século 23 são um choque para o recém chegado jornalista, que apesar de desacostumado com tudo isso, demonstra uma certa intimidade com situações bizarras. E nesse ponto que a série decola de vez. O desprezo de Spider por qualquer coisa que não seja de seu interesse e seu modo peculiar de encarar as coisas nos faz querer saber o que mais ele pode fazer. A narrativa ajuda também. Todos os personagens apresentados na história já carregam uma história e marcas de acontecimentos passados, dando mais profundidade a trama. Apesar de algumas pirações de Ellis (como o gato fumante de duas cabeças, mascote de Spider), tudo tem espaço no mundo de Transmet. Cheio de referências, a história apesar de se passar no futuro, tem críticas a coisas que acontecem hoje em dia.
A tradução nesse ponto ajudou bastante. Mesmo muitas citações do personagem serem claramente da cultura americana, tudo ficou bastante claro e o leitor não se perde em nenhum momento, ao menos é claro, que se perca nos diálogos ácidos do jornalista com os mais diversos personagens da história. Jerusalém sempre tem alguma coisa a dizer sobre tudo, seja chapado com drogas, ou escrevendo uma matéria rodeado de prostitutas, o personagem esbanja carisma, apesar de seu mau humor.
As capas feitas por Frank Quitely e Geoff Darrow são um show a parte e nesse papel mais luxuoso ficaram ainda melhores. Falando nisso, o tratamento que a Panini aplicou no álbum é outro atrativo da edição. Capa dura, papel especial de gramatura mais alta e uma encadernação bem feita deixam a revista lindona. Publicada pelo selo Panini Books, o álbum tem o preço de R$45 que pode afastar alguns leitores curiosos, mas aqueles que são fãs de Warren Ellis ou do universo Vertigo, certamente compraram esse especial. E não irão se arrepender, pois Transmetropolitan é uma ótima série. Ela durou 60 edições nos EUA e foi relançada em 10 encadernados posteriormente. No Brasil é essas encadernações que a Panini está se baseando pra lançar a série. Tomara que ela seja lançada em sua totalidade por aqui.
Como extra da edição apenas um prefácio de Garth Ennis e as capas originais. Poderia ter mais alguma coisa, como algum texto de Ellis ou esboços, mas está de bom tamanho.
Uma edição que não pode faltar em sua estante.
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