Não, eu não vou falar da mini-série que a Panini atualmente publica. O assunto agora é outro. No final dos anos 80, começo dos anos 90, 3 escritores se destacavam como grandes nomes dos quadrinhos, por suas histórias que ultrapassavam as barreiras de simples hq´s, e alcançavam níveis literários. Falo de Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller. Juntos, os três revolucionaram a nona arte com 3 grandes títulos: Watchmen, Sandman e Batman - O Cavaleiro das Trevas. Os quadrinhos estavam deixando aquela estigma de ser uma diversão voltada apenas para crianças, e se tornando uma leitura mais adulta. A temática das 3 histórias era bem mais pesada e mais intrincada que um simples gibi de herói. Hoje em dia, essas obras são consideradas o décalogo dos quadrinhos. Todos sem inspiram de alguma maneira nelas para escreverem histórias hoje em dia. Claro que eles escreveram muito mais coisas. Cito V de Vingança, As Aventuras da Liga Extraordinária, Do Inferno (Alan Moore), Orquídea Negra, 1602, Stardust (Neil Gaiman) e Batman Ano Um, Sin City, Liberdade (Frank Miller)Mas fato é que os três formavam a chamada Santíssima Trindade. Era uma maneira de venerar e evidenciar a todos os gênios que eram esses escritores. Provavelmente ninguém tire esse título deles, mas, em um exercício de raciocínio, porque não eleger uma Nova Trindade. Os sucessores dos chamados mestres? Escritores que hoje em dia são considerados grandes contadores de histórias. Como todo mundo adora uma lista, fiz uma com alguns possíveis candidatos a esse posto. São 3 trios. Dividirei a matéria em 3 partes. Vamos a eles.
1º trio: Brian Michael Bendis, Mark Millar e Brian K Vaughan
Brian Michal Bendis
Um sucesso. É assim que podemos descrever esse ótimo escritor americano de 42 anos. Ele começou sua carreira no começo dos anos 90, assim que a editora Image havia se consolidado com uma das grandes dos EUA. Após o boom de lançamentos da editora como Spawn, Gen 13, Wild Cats entre outros, sobrou espaço para os artistas menores mostrarem suas criações. Foi aí que Bendis apareceu escrevendo e desenhando séries próprias e de outros autores. Mas foi no começo dos anos 2000 que ele realmente chamou a atenção, quando lançou a série autoral Powers. Com essa história ele ganhou diversos prêmios e não demorou muito pra chamar a atenção de alguma grande editora, no caso, a Marvel Comics. Como teste, a editora encomendou ao escritor uma mini-série do Demolidor intitulada Ninja (publicada no Brasil na revista Grandes Heróis Marvel Premium nº 10, 11 e 12 em 2001). O sucesso foi grande da revista e a editora estava decidida a entregar uma série mensal a ele. A revista do Demolidor havia acabado de finalizar um arco com Kevin Smith nos roteiros, e tinha David Mack como tapa buraco. Como Mack era amigo de Bendis (ambos trabalharam juntos na série Jinx, da Image), ele sugeriu a Marvel que chamasse o cara pra escrever a série. E não deu outra, a revista voltou a vender bem e Bendis mostrou sem jeito de escrever, com seus diálogos ácidos e uma ótima trama. Bendis ficou a frente no personagem por mais de 4 anos.
Ainda em 2000, percebendo o sucesso do carequinha, o então presidente da Marvel Bill Jemas, convidou Bendis e Mark Millar para criarem um universo novo. Onde as histórias da Marvel seriam recontadas para novos leitores. Foi aí que surgiu o universo Ultimate (publicado aqui no Brasil na revista Marvel Milennium Homem-Aranha). Bendis escreveu Ultimate Spider-Man, Ultimate Marvel Team-Up, algumas edições de Ultimate X-Men e Ultimate Fantastic Four, além de outras minis. Com a revista do Homem-Aranha ultimate, Bendis ultrapassou a marca de mais de 100 edições. Feito histórico.
Ele tembém foi um dos criadores do selo adulto da Marvel, Max, sendo que sua série Alias foi a a estreante do selo.
Após isso, Bendis assumiu o título dos Vingadores e começou a revolução que hoje reina na editora. Histórias como Dinastia M, Guerra Secreta, Vingadores A Queda, Invasão Secreta entre outras, são de autoria dele. O escritor ainda reviveu o título de sua heroína favorita: Mulher-Aranha e transferiu a personagem Alias para o selo Marvel Knights, e mudou o nome do título para The Pulse. Ele está envolvido profundamente na nova fase da Marvel, Dark Reign.
Curiosidade: um personagem que ele diz não sentir vontade nenhuma de escrever é o Batman, pois ele simplesmente não ve graça nenhuma no homem-morcego.
Um grande escritor, sem sombra de dúvidas.
Mark Millar
O escocês Mark Millar, resolveu virar escritor de quadrinhos, quando na década de 80 encontrou com Alan Moore numa convenção de quadrinhos. Ele era um adolescente e se impressionou com os trabalhos do barbudo. Hoje, com 40 anos, ele é um dos mais requisitados roteiristas da atualidade.
Sua carreira começou em 1990, quando ele escreveu algumas histórias para a revista 2000 AD. Em 94, a DC percebeu seu grande potencial e entregou a ele uma chance de escrever a série Monstro do Pântano. Porém, as vendas da revista estavam baixas e ela foi cancelada. Millar então, ajudou Grant Morrison em algumas histórias da editora, como Liga da Justiça, Flash entre outros. Mas ele não estava contente com esse papel de co-roteirista das histórias. Em 2000 ele recebeu o convite de substituir Warren Ellis na revista Authority. A revista, que pertencia a Wildstorm(que aquela altura ja havia se desligado da Image e era um braço editorial da DC Comics) atingiu números de vendas excelentes. Com um alto teor de violência e de boas tramas, Millar incomodou os chefões da DC, que gostavam das vendas, mas não das histórias. Foi então que, em 2001, ele foi demitido. Mesmo depois de ter saído da editora, a DC publicou uma mini-série escrita por ele do Superman, intitulada Entre a Foice e o Martelo.
Millar foi contratado pela Marvel Comics e já chegou criando o universo Ultimate e escrevendo Ultimate X-Men e a sua grande obra, Ultimates (desenhada por Brian Hitch). As vendas da Marvel subiram e o cara foi ganhando conceito. Ele então escreveu diversas séries mensais: Wolverine (ao lado de John Romitta Jr), Homem-Arannha (Terry Dodson e Frank Cho), Quarteto Fantástico (Brian Hitch) entre outras. Ele ganhou mais notoriedade escrevendo o evento Guerra Civil.
Como se tudo isso não bastasse, Millar criou seu próprio selo, o Millar World. Nele, ele publica histórias autorais. A primeira foi O Procurado (editado pela Image), depois veio Kick-Ass (editado pela Marvel) e ano que vem ele fecha sua trilogia com seu novo projeto ainda sem nome pela Marvel.
O cara tem muito gabarito.
Brian K Vaughan
Mais um carequinha em nossa lista, agora é o americano Brian K Vaughan de 33 anos. Ele começou sua carreira cedo, com 20 anos, fazendo algumas histórias e co-roteirzando outras tanto pra Marvel quanto pra DC. Batman, Liga da Justiça, Lanterna Verde, X-Men, Wolverine, Monstro do Pantâno entre outros foram alguns dos primeiros trabalhos de Vaughan.
Percebendo sua criatividade, a DC convidou Brian para escrever um título para a linha adulta da editora, a Vertigo. Como ele tinha uma história guardada ha algum tempo, ele resolveu colocá-la no papel. Essa história era Y - O Último Homem. A história logo angariou muitos fãs e se tornou uma das melhores séries da Vertigo de todos os tempos, sendo elogiada por várias pessoas, inclusive por Stephen King, que disse esse ser o melhor quadrinho que ele já lera.
Porém, Vaughan não possuia contrato de exclusividade com a DC, sabendo disso a Marvel contratou o cara de volta em 2003, e lá ele escreveu a série Os Fugitivos. A editora aproveitou ele ainda em séries como Ultimate X-Men e outras histórias fechadas. Em 2004, ele estreou sua nova série pela Wildstorm, chamada Ex-Machina. A série foi um sucesso e evidenciou o nome do escritor ainda mais, que além de ganhar diversos prêmios por suas séries, foi convidado pela produção do seriado Lost para dar consultoria artística.
Outras séries do cara: Leões de Bagda (Vertigo), O Capuz (Max), Dr. Estranho: Juramento (Marvel).
Esse foi a 1ª grupo de escritores que poderiam ser a nova trindade. Logo logo, publicaremos o 2º grupo. Como diria o homem do baú: ``aguardemmm´´.
2 comentários:
Ranulfo Medeiros Pereira da Silva - Tel.: 9106-9058 - E-mail: ranulfomedeiros@gmail.com
Meu voto vai nessa trindade. A passagem de Brian Michael Bendis no Demolidor foi antológica, e o trabalho que ele fez em "Alias" é bom demais também; As séries que Brian Vaughan criou, como "Ex Machina" e "Y - O último homem" são muito bem sacadas; e "Os Supremos" são praticamente filmes blockbusters em forma de quadrinhos. Essa é a melhor trinca, na minha opinão.
Meu voto também vai para essa trindade. Bendis é fera.
ricardo.zart@gmail.com
(49) 99783705
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