segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Resenha: Kick Ass - Quebrando Tudo

Quando Mark Millar anunciou aos 7 ventos que estava produzindo uma história em quadrinhos que iria mudar muitas coisas na indústria de quadrinhos, achei um exagero (assim como quase tudo que o escocês fala). Mas dei um crédito a ele, afinal ele tem no currículo ótimas histórias como por exemplo Supremos, Authority, Superman Entre a Foice e o Martelo entre outros. Aos poucos começou a sair na internet imagens e informações mais detalhadas desse suposto divisor de águas no mundo das hq´s. Mas foi com a revelação do nome da série que Millar me fisgou: Kick Ass, traduzindo ao pé da letra, algo como chuta bundas. E ao colocar as mãos no encadernado que a Panini Books lançou por aqui da série, deu pra entender o nome.
Aos folhear o volume, o impacto dos belíssimos, porém ultra violentos desenhos de John Romita Jr (em ótima forma, como sempre) já nos deixa com muita vontade de ler. Confesso que devorei o livrão de uma vez só. Millar faz aquilo que hoje em dia, poucos escritores conseguem fazer, que é segurar a tensão e o clímax de cada capítulo até seu final, fazendo com que o leitor queira saber seu desfecho. É empolgante a maneira como ele faz isso.
A história não é das mais originais, porém Millar a mostra sobre a ótica de um garoto nerd e esquisito (palavras que pra muitos são sinônimas), e consegue diferenciar essa narrativa, mesmo sendo uma premissa simples. Mas é impossível não se identificar com alguns dos dilemas e situações que Dave Lizewski passa durante a trama. Como a paixão por quadrinhos, a admiração da menina mais bonita da escola e a aporrinhação dos valentões (uma síndrome de Peter Parker). Mas é claro que Mark Millar perverte essas situações com seu toque escrachado e politicamente incorreto. Os questionamentos de Dave sobre o fato de não existir ninguém que tenha tentado ser um herói, são cabéveis. Mas entre pensar e agir existe uma enorme diferença. Diferença essa que Dave nãm leva muito em consideração quando decide se tornar um herói. E sua estréia não poderia ser pior. Em uma das cenas mais engraçadas do álbum, Millar mostra que nem sempre as coisas são bonitinhas e dão certo como escalar uma parede.
Mas é na primeira aparição de Hit Girl que o título Kick Ass fica mais óbvio. A menina é o grande atrativo da história. Assim que entra em cena ela fura um cara no meio e corta a cabeça de outro pela metade, tudo muito bem mostrado nos desenhos de Romita Jr. Com ajuda de seu pai, Big Daddy, Hit Girl literalmente chuta bundas e aumenta a contagem de corpos.
Mark Millar sempre foi um cara antenado. Prova disso é como Kick Ass se torna um fenômeno. Youtube, Myspace, sites e todos os artificios da internet são usados por Dave para se alto-divulgar.
E é claro que não poderia faltar um vilão a altura. E Red Mist é perfeito. Pois ele é igual a Dave, só que rico. Mas suas motivações são diferentes, já que ele se fantasia para impressionar o pai, que na verdade é o grande vilão da história. Um mafioso que quer tirar os heróis de seu caminho a qualquer custo. Para isso usa o filho. E o que não falta no ato final da história são visceras, sangue pedaços de corpos e palavrões a torto e direito.
Entre descobrir as verdadeiras intenções de Big Daddy e Hit Girl, acompanhar a amizade colorida de Dave com a menina por quem é apoixonado e o desenrolar da trama, Millar conta uma história muito bacana que há muito não se via. Claro que ela não foi um divisor de águas como ele falava, mas certamente foi um marco, pois trouxe de volta aquele tesão de ler hq´s. E exageros a parte, Mark Millar é um senhor escritor. E o final do volume não poderia ser melhor, pois Millar desmistifica aquele negócio de final feliz. Há um acerto de contas, mas o final está longe de ser feliz. Está nos moldes do final de O Procurado, também de Millar.
John Romita Jr parece melhorar conforme o passar dos anos. Suas cenas de ação são ótimas e seus desenhos expressam exatamente aquelas sutilezas que não são ditas no balões e recordatórios.
A Panini caprichou no encadernado. Capa dura, papel de alta gramatura, lombada quadrada e alguns extras bacanas. O preço é um pouco salgado e pode afastar novos leitores ou pessoas que viram o filme e se interessaram em adquirir o volume. Talvez a editora devesse ter lançado duas versões, uma em capa dura e a outra em capa cartonada. Mas pode ter certeza de que o investimento vale cada centavo, pois Kick Ass - Quebrando Tudo é uma das séries mais legais que sairam nos últimos anos.

4 comentários:

Luis disse...

É esse encadernado com certeza vale a pena,depois de assistir o filme fikei na vibe dele msm sendo salgado o preço vale a compra

Felipe Caetano disse...

Vale sim cara... e não é difícil encontrar alguma promoção dele...

Juliana disse...

Quero muito ver o filme! Ganhei esse encadernado uma vez numa promoção do twitter @paniniherois e gostei muito, o filme deve ser ótimo também!
=*

Felipe Caetano disse...

Olha Juliana, o filme é muito bom também. Apesar de algumas mudanças, o filme está muito bacana.